Mesmo sem risco de calço hidráulico, veículo pode ser danificado em enchentes; entenda se é possível recorrer ao seguro. Em processo de popularização, é natural que a tecnologia dos carros elétricos gere debates e dúvidas. Autoesporte já esclareceu algumas questões, como a segurança em utilizar os carregadores de elétricos, mesmo debaixo de chuva. Em condições climáticas mais extremas, entretanto, será que é possível atravessar uma enchente dirigindo um carro elétrico? A seguir, mostramos quais providências tomar.
Podemos adiantar que dirigir em áreas alagadas não afeta a bateria de um veículo elétrico. Isso porque, apesar das baterias serem instaladas no assoalho do carro, sua estrutura é selada, como destaca André Maranhão, engenheiro e consultor especialista em mobilidade elétrica: “A bateria é selada, ou seja, montada com juntas que impedem que a água entre no componente e tenha contato com as células da bateria”.
Sem calço hidráulico
Quanto ao motor, não há risco de que seja danificado por calço hidráulico pela simples razão de não haver admissão de ar.
Se você não está familiarizado com o termo, calço hidráulo acontece quando motores de combustão interna admitem água em vez de ar. Isso causa danos severos nos componentes internos dos propulsores.
Como motores elétricos funcionam com a liberação de corrente elétrica, a combinação de ar e combustível não existe, além da ausência de pistões e bielas, alguns dos elementos que se rompem na tentativa de comprimir a água.
Os carros elétricos também levam vantagem em relação aos similares a combustão por outra razão técnica. Em uma travessia de área alagada, o modelo a combustão precisa entrar com uma marcha mais forte engatada, normalmente a segunda, e manter o giro alto do motor e a velocidade constante para que a água não entre pelo escapamento – esse não é um dos problemas do elétrico, que não tem escapamento.
Mas para ambos, o ideal é que a água não ultrapasse muito a metade da roda, já que se o nível subir muito, pode haver perda de contato com o solo e o carro começar a boiar. Até nessa hora os elétricos levam vantagem. Como são mais pesados por conta da bateria, é preciso de mais força para tirá-los do chão. Ou seja, um elétrico tem menos chance de sair navegando sozinho.
Não vale o risco
Vale ressaltar, entretanto, que não é recomendado conduzir um veículo em vias alagadas ou locais em que parte do carro fique submersa, independentemente do tipo de conjunto mecânico.
No caso de automóveis elétricos, apesar do menor risco de danificação do motor, pode ocorrer a oxidação dos componentes elétricos do veículo.
Além de comprometer a segurança de motoristas e passageiros, principalmente em casos de enchentes com profundidade demasiada, Wanderlei Marinho, membro do Comitê de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil, destaca que outros sistemas que integram o funcionamento de um veículo elétrico também podem ser comprometidos após atravessar uma enchente.
“Do ponto de vista de engenharia deve-se evitar a penetração de umidade nos sistemas elétricos. Não se deve colocar um veículo elétrico ali, pois não se tem só o sistema elétrico, mas também rolamento, freios e cabos”, alerta o engenheiro.
Dá choque?
Outra curiosidade em relação aos carros elétricos é se existe o risco de os ocupates tomarem choque ao atravessar uma enchente ou mesmo descer do carro quando há um alagamento. A resposta é categórica: não.
Todos os componentes energizados de um veículo elétrico são isolados da cabine e cobertos por materiais pintados de laranja fluorescente, exatamente para serem notados logo de cara. Além disso, assim que o sistema identifica uma situação de risco (como uma enchente), o veículo é desenergizado na hora.
Então, vale a pena?
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